Cuidar de Cuidadores: Dicas para Famílias e Educadores

Por Rita Alves – Psicologa

Pais, professores e outros profissionais de saúde desempenham um papel crítico ao ajudar as crianças a lidar com as crises, muitas vezes ignorando as suas próprias necessidades no processo. No entanto, os cuidadores devem tratar bem de si mesmos, para que possam cuidar das crianças que estão sob a sua responsabilidade. Deixamos, de seguida, uma lista de situações que os cuidadores devem ter em atenção:

1 – É quase um instinto natural que os pais e outros cuidadores deixem de lado as suas necessidades pessoais para garantir a segurança e o bem-estar das crianças/adultos que estão sob os seus cuidados. É extremamente importante, no entanto, que os cuidadores monitorizem as suas próprias reações e cuidem das suas próprias necessidades, uma vez que não fazer isso pode resultar em stress e desgaste. Isto aplica-se em situações de crise nas quais os sistemas e rotinas normais de suporte foram severamente interrompidos e para os quais a recuperação levará muito tempo, tal como a que vivenciamos nos nossos dias atuais

2 – O burnout – esgotamento físico e mental, interfere na intervenção e suporte em crise. Pode vivenciar burnout após uma crise imediata ou durante longos períodos de stress e ansiedade. Preste atenção ao seu corpo.

3 – Além do burnout, os cuidadores também podem sofrer um trauma ou stress secundário resultante da experiência da outra pessoa e/ou de ajudar alguém que foi diretamente afetado por uma tragédia;

4 – Algumas reações são maioritariamente experiênciadas pelos cuidadores após uma crise. No entanto, outros podem precisar de suporte ou supervisão profissional.

      Nesses casos constam:

  • Reações cognitivas: incapacidade de parar de pensar na crise, perda de objetividade, incapacidade de tomar decisões e/ou de se expressar verbalmente ou por escrito;
  • Reações físicas: fadiga e exaustão crónica, problemas gastrointestinais, dores de cabeça, perda de apetite ou insónias;
  • Reações emocionais: preocupação ou ansiedade excessiva, paralisia, irritabilidade, raiva, pensamentos ou sonhos angustiantes e/ou pensamentos suicidas e/ou depressão grave;
  • Reações comportamentais/sociais: abuso de álcool e substâncias, abandono do contato com entes queridos ou incapacidade de concluir ou voltar às responsabilidades normais do trabalho.

 

 

 

Após esta descrição, deixamos algumas dicas que os cuidadores têm de considerar, de forma a evitar o burnout nos dias que correm:

Autocuidado físico: mantenha hábitos alimentares saudáveis ​​e beba bastante água; limite o uso de álcool ou outras substâncias; durma adequadamente;

Autocuidado emocional: conheça as suas limitações; reconheça que as suas reações são normais e ocorrem com frequência entre cuidadores;

Cuidados sociais e relacionamentos: mantenha rotinas diárias normais; fale e desabafe com amigos ou familiares; esteja sempre em contato com outros cuidadores, dialogando com estes sobre as situações que vivenciou;

Recursos de suporte adequados: reconheça que você e a sua família podem precisar de ajuda. Informe-se acerca dos recursos de apoio a crises fornecidos por serviços comunitários e voluntários, incluindo apoios de saúde emocional e social.

Sistemas/cuidados processuais: Defina limites para o número de respostas consecutivas; promova políticas que permitam que os responsáveis de intervenção em crise se afastem se a crise afetar a sua dinâmica pessoal, estabelecendo uma atmosfera favorável de autocuidado.